sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Documentário: um tratamento criativo da realidade - 1

Documentário: um tratamento criativo da realidade

A câmera enquadra o que vemos e omite o que não veremos. Narrar é administrar informações, que selecionamos através da lente da câmera.
Construindo planos(quadros) que dão sentido ao mundo real, talvez o tornando mais evidente e compreensível.
Num filme organizamos as coisas de modo que o espectador faça a leitura pretendida. Embora cada um entenda o filme a seu jeito, ao descobrirmos nosso Tema – a nossa história, buscamos a melhor maneira de contá-lo. Todo documentário deverá tratar de um tema.
Tema é o dilema humano escolhido para ser explorado de diversos ângulos, de maneira estruturada, complexa, realista e plausível.
Estruturada – organizada em uma linha narrativa.
Complexa – trata-se de uma linguagem composta por imagem, som, ritmo, tempo e emoção, uma representação da vida.
O material de trabalho é sempre a experiência humana, mediada pelo enquadramento da câmera. Surgindo ai os dois elementos básicos de uma narrativa: o plano e o corte.
       Plano: aquilo que enquadramos pela lente da câmera e gravamos em um determinado tempo.
Corte: separação entre os planos diferentes dentro da cena, através do qual podemos mudar de enquadramento, de lugar, de tempo, e de cena. O documentário também é dramatização.
O valor dramático e narrativo pode e deve estar no documentário, e esse valor está na origem do gênero documental, buscando uma narrativa que vá além do mero registro de imagens e sons reais.
        “Documentário é o tratamento criativo da realidade”, John Grierson.
      Para Grierson os documentários devem passar do plano da descrição do material natural para arranjos, rearranjos e remodelação criativa do mundo natural.
O filme documentário trabalha com sons e imagens extraídos do mundo real. Mas isso o torna um documento da verdade? Ou melhor, podemos dizer com certeza que o filme documentário é expressão do real?
No documentário a verdade é uma construção através das imagens e sons vinculados a realidade através da verossimilhança, cuja validade é dada pelas mensagens estabelecidas no filme.
Buscamos na realidade, descobrir o drama humano ali presente, para o qual será necessária uma narrativa estruturada.
É esse o trabalho do documentarista: fazer filme é contar uma historia com imagens e sons.

Após escolher o tema, vem o foco

Sobre o que é nosso filme?
Eis a primeira pergunta que se deve fazer ao pensar em cada cena, em cada enquadramento, em cada corte na edição.
Há diferentes posturas a serem tomadas: buscar a imparcialidade do discurso do filme, ou assumir uma postura da “voz da verdade”? Revelar o mecanismo, dramatizar, ou apenas retratar pessoas naturais?
São algumas questões centrais ao trabalho do documentarista.
As soluções aparecem em possibilidades bem criativas, pois, assim como na vida, tudo é possível em cinema.
O documentário deve ser feito por uma equipe que está escolhendo “O QUE” e “COMO” filmar.
Isso não é realidade, é cinema!



Texto completo para download: http://pontoporponto.org.br/metaorganico/tratamento-criativo-do-real.pdf

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