quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Série Imersão – Livro Num Piscar de Olhos parte 2

Aqui está a segunda parte da Série Imersão – Livro Num Piscar de Olhos, A edição de filmes sob a ótica de um mestre do autor Walter Murch.

A edição é muito mais que tirar os pedaços ruins.

“Edição é a estrutura, a cor, a dinâmica, a manipulação do tempo...”
“Porque, de certa forma, editar é mesmo cortar os pedaços ruins; o problema é: o que é um pedaço ruim?... O objetivo de um vídeo caseiro em geral é muito simples: uma gravação desordenada de eventos em tempo continuo. O objetivo dos filmes de narrativa é muito mais complexo, tanto pela estrutura de tempo fragmentada como pela necessidade de reproduzir estados de espírito, de modo que se torna proporcionalmente mais complicado identificar o que é um “pedaço ruim”. E o que é ruim em um filme pode ser bom em outro... Assim, o editor empenha-se na busca para identificar esses pedaços e cortá-los fora, cuidando para que ao fazê-lo, não destrua e estrutura dos “pedaços bons” restantes.” Pag22-23

Se dois editores diferentes pegarem o mesmo material gravado para editarem, cada um fará um filme diferente. Porque cada um fará escolhas diferentes de como estruturá-los – como e em que ordem soltar as informações.

“Um exemplo: sabemos que a arma está carregada antes de Madame X entrar em seu carro ou só ficamos sabendo disso depois que ela está no carro? Cada escolha cria um sentido diferente para a cena. E ao proceder assim vamos empilhando uma diferença em cima da outra.” Pag24
“O principio básico é fazer o máximo com o mínimo (com ênfase no tentar). Você pode não conseguir sempre, mas tente produzir os maiores efeitos na cabeça do espectador com o menor numero de coisas na tela. Por quê? Porque você quer fazer apenas o necessário para conquistar a imaginação do público – a sugestão é sempre mais eficiente que a exposição.” Pag26

Para se fazer mais com o minimo é necessário termos um minimo de vontade de maximizar a pesquisa, o planejamento, a organização e a reorganização.

“É preciso mais trabalho e mais discernimento para decidir onde não cortar.” Pag26
Deve-se ter o discernimento de não exagerar na condução das informações, devemos destinar momentos de maior intensidade narrativa, e outros não, dando um “respiro” a mente dos espectadores.

“Se o guia, isto é, o editor não estiver suficientemente seguro para deixar que, de vez em quando, as pessoas escolham o que querem ver, ou para deixar algumas coisas a cargo da imaginação delas, ele estará fracassando. Em algum momento as pessoas se sentirão manipuladas e ficarão ressentidas com a pressão das mãos atrás de suas cabeças.” Pag27

Bom. É isso. A segunda parte, de três.
Na próxima e última parte mostrarei o que Walter Murch tem a nos dizer sobre o que é um bom corte e a influencia negativa das gravações que podem prejudicar a escolha do corte. Essa é a melhor parte.

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